Feb
16
2016

Psicoativos, cultura e controles: contribuições da antropologia ao debate público no Brasil

Este texto surgiu a partir dos diálogos e experiências de pesquisa de Taniele Rui e Beatriz Labate em contextos empíricos bastante diferenciados. Rui se dedicou ao estudo daquilo que se convencionou denominar genericamente de “usos abusivos ou problemáticos” de drogas, seja a vertente de tratamento, a partir das dinâmicas de internação em comunidades terapêuticas (Rui 2007, 2010), seja em cenas de uso e comércio de crack (Rui 2012). Labate, por sua vez, tem uma trajetória de pesquisa marcada pela investigação dos assim chamados “usos integrados” de drogas, especialmente na interface entre populações urbanas com comunidades amazônicas caboclas ou indígenas, relacionados ao consumo da ayahuasca (Labate 2004, 2011).
A partir destas experiências, observamos que em contextos etnográficos bastante diferentes existem mecanismos culturais, mesmo informais, de controle do manuseio e da ingestão de psicoativos. E, em razão disso, compartilhamos o incômodo com um tipo de discurso que estabelece oposições binárias entre os usos “tradicionais” e “não tradicionais”, “ritualísticos” e “não ritualísticos”, “recreativos” e “abusivos” como se os primeiros fossem inerentemente não problemáticos e mais desejáveis4. Ora, a proximidade empírica revela maiores nuances entre tais dicotomias.

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